O elevador social!


Essa história de escrever está me deixando animada. Quem sabe essa não é a atividade que sempre busquei como hobby. Tem tudo para ser. Eu me distraio, desestresso, enfim, divirto-me quando chega essa hora do dia, a de me dedicar a isso. Tenho tantas boas histórias engraçadas para relatar. Mas não é sempre, quando tenho tempo, que me lembro delas. Agora, por exemplo, lembrei-me de uma do Luiz, meu marido. Ele é um cara tranqüilo, na dele, aliás, bem diferente de mim. Nunca puxa papo com ninguém. Ele sempre analisa o ambiente, com bastante critério, antes de qualquer tomada de decisão. Não é à toa que se tornou Marketeiro, e dos bons. Analisa os ambientes, internos e externos, como ninguém. Eu sempre digo a ele que ele foi um engenheiro que teve salvação, isto é, foi para no Marketing. Há controvérsias quanto a essa minha forma de pensar, mas enfim Ele, como todo engenheiro, tem a mente lógica. Eu acho que os engenheiros são treinados para isso, treinam suas mentes para que possam superar desafios, atingir metas e serem mais felizes. Eles têm uma inteligência lógica, percepção racional. A forma como compreendem, interpretam e racionalizam as informações é diferente do restando dos seres. Não é por menos que, segundo li em algum lugar, há muito tempo, mais de 60% dos CEOs são engenheiros. Pode até ser que essa informação esteja bem desatualizada, mas acho natural que essa “estirpe” de profissional se encaminhe em direção à liderança. Bom, acho que deu para terem uma idéia do perfil do Luiz. Um cara mais observador do que falador. Um cara de poucos, mas muito bons amigos. E assim nos diferenciamos, um equilibrando o outro. Um certo dia, há alguns meses, lembro-me que era uma sexta-feira. Ele foi me pegar no trabalho e nós pegamos um mega trânsito. Novidade em São Paulo. Até estranhamos. A 23 de maio estava toda parada. Estávamos indo pegar a baby na casa da minha mãe. Ficamos mais de 40 minutos parados no mesmo lugar. O tempo foi passando. Eram mais de 20h quando resolvermos assumir que não conseguiríamos chegar a tempo de vermos a Laís acordada. Resolvermos deixá-la dormir na casa dos avós. Com isso, com a decisão tomada, pegarmos o túnel Ayrton Senna e seguimos para o Shopping. Aproveitamos para dar um pulo lá para comer alguma coisa e para fazer umas compras no Camicado e no Varanda. Enfim, ficamos lotados de sacolas. A coisa que o Luiz mais odeia na vida, além do Flamengo, é carregar sacola para dentro de casa. Mas nesse dia, não teve jeito, eu o convenci a comprar tudo que tínhamos que comprar na sexta, para deixarmos o sábado livre. Lá pelas tantas, chegamos em casa. Nossas vagas, propositalmente, ficam ao lado dos elevadores, tanto do social como do de serviço. Aliás, escolhemos o andar onde moramos em função das garagens, que foram previamente determinadas. Olhamos para os dois elevadores. O social estava no 3º subsolo, esperando por nós. Não tivemos dúvidas. Colocamos as mil sacolas dentro do elevador, que é pequeno, os nossos notebooks, as minhas mil pastas de trabalho, bolsa, etc. Eu ainda comentei com ele...”não é melhor a gente ir pelo de serviço?” Tem um mega aviso, no quadro de avisos de cada andar, dizendo que não podemos subir com compras, sacolas e afins pelo elevador social. Mas o Luiz, surpreendentemente, já que é uma cara zero transgressor, disse: “não, vamos por esse mesmo...já é tarde, ninguém vai subir com a gente.” Ok, então fomos. Bom, não deu outra. O elevador parou no 1º subsolo. A porta abriu e nós, com possíveis mútuas caras de bunda, fomos logo nos justificando. Detalhe...nós não, o Luiz. “Oi, cara!” Um rapaz entrou no elevador com a gente. Ele quase teve que ficar com um pé só, equilibrando-se, de tanta tralha. E o Luiz continuou...”desculpe-nos aí por estarmos subindo com essas coisas por esse elevador, mas é que a gente esqueceu, em casa, a chave dos fundos.” Mentira geral!!! As chaves ficam no mesmo molho. O mais bizarro. Tudo que o Luiz nunca puxa de papo com alguém ele resolveu puxar com esse cara. Começou a falar sobre um monte de coisa sem importância, talvez para não deixar o cara pensar no que estávamos fazendo dentro daquele elevador com tanta sacola, sei lá. Ele falou tanta coisa que eu nem processava mais. Mas teve uma bobagem que foi muito boa. Só para contextualizar, já faz seis meses que nos mudamos para o atual prédio onde moramos e até agora a Gafisa não conseguiu fazer a luz do nosso hall de entrada funcionar. Há duas torres no nosso condomínio. Não há luz no hall de entrada de nenhum condômino. De qualquer maneira, essa questão, entre tantas aberrações cometidas pela Gafisa, é a de menos. Mas continuando a história, o Luiz, dentro do pacote de coisas que foi falando para o rapaz, disse o seguinte...”cara, vou aproveitar, quando pararmos no seu andar, para dar uma olhada no seu hall...quero ver se você já tem luz...aliás, você mandou puxar a luz da sua campainha para o teto do hall, como você fez?” E emendou uma coisa atrás da outra sobre o raio da luz. O cara só falava ahã, ahã ou pois é, como são as coisas, né? Conclusão? Nós moramos no 15º andar. O cara desceu no 6º. Quando a porta abriu, ouvimos uma música alta, muito alta, vinda daquele hall. O cara saiu do elevador, mas segurou a porta, pois não conseguiu se conter. Ele disse ao Luiz...”cara, você não me deu muita chance para falar, mas tem algo que precisa saber...eu sou apenas um convidado, para uma festa que está rolando aqui nesse andar, mas se você quiser, bato um papo com o dono da casa e peço para ele te procurar amanhã, para que conversem sobre a luz do hall...pode ser?” O Luiz ficou atônito. De duas uma...ou ele achou que tinha conseguido o que queria, já que, com toda sua racionalidade e lógica, pode ter feito tudo de caso pensado...não deixou o cara falar e, portanto, o cara não pode reclamar das mil sacolas...ou, a outra hipótese, é que deve ter pensado que em boca fechada não entre mosca. Ele nunca puxa papo com ninguém...tinha que ter puxado justo com aquele cara? Eu só sei que não parei de rir até o dia seguinte. Acho que é a convivência comigo que deixa as pessoas assim, meio atrapalhadas. Nunca mais usamos o elevador social para carregarmos sacolas. Quer dizer...eu uso, mas não quando o Luiz está. Até que, pela diversão, valeu termos deixado a baby dormir fora de casa naquele dia, viu? Maluco gosta mesmo é de maluco. E como podíamos ter uma filha menos pirada. Como diz sua babá, a Anita, é “genérico”.

Comentários

  1. Muito boa história Loraine, voce escreve muito bem com muita riqueza de detalhes...Parabéns....

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  2. Também escrevo qdo der leia:

    http://omaisqueridotricolor.blogspot.com.br/2012/04/por-que-sou-sao-paulino.html

    Abraço.

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