KOPEL ou COPEL?

Embora esteja cansada, ainda vou escrever uma péLôla hoje. Já que as pessoas estão me ajudando a lembrar das histórias, até das mais antigas, tenho que colocá-las no Blog, certo? Bom, essa aconteceu em 2009, logo que entrei no Citi. Quem não me deixa esquecer dessa história é a Thais Anjos, minha querida amiga Thata. A minha adaptação no banco foi uma loucura. Eu tinha acabado de passar dois anos em uma empresa totalmente diferente. Totalmente menos burocrática. Se tivéssemos que comprar uma banana, não tínhamos que pedir permissão para Singapura (só a título de ilustração, ok?). Na empresa anterior, na qual trabalhei antes do Citi, eu fui chamada para integrar o time que faria o restart up da organização no Brasil e, basicamente, nós, os funcionários contratados para isso, reconstruímos a empresa, do zero, com base em nossas crenças e valores. Foi fantástico. Claro que tivemos que levar em consideração os sessenta anos dela no mundo, seu guide de marca, seus princípios, o fato de ser americana, enfim, uma série de coisas. Mas, de verdade, deram-nos liberdade para trabalhar, para implementar, no Brasil, uma organização que atenderia as necessidades dos brasileiros. Lá, basicamente, eu tinha um budget e decidia como usá-lo, pois tinha autonomia, dentro do que era de minha responsabilidade. Portanto, tinha o bônus, mas, se desse merda, o ônus também. Enfim, outro tipo de cultura. Nem certo e nem errado, apenas diferente. Em junho de 2009, entrei na Credicard. Foi um choque logo de cara. Nunca vi um lugar para ter tanta sigla. E olha que fiquei seis anos na Siemens. Lá, nem era uma questão de siglas, mas uma questão da língua...o alemão, por si só, já parece um código. Voltando à história do meu ingresso no Citi , é como se lá as pessoas falassem um dialeto. Fora a quantidade de senhas que temos que decorar. Fac code? Nunca tinha ouvido falar nisso. Geid, Soid, nem sei se é assim que se escreve, Pin code, RICSA, etc. E tinha uma tal de área KOPEL. Nossa...tudo tinha que passar por essa área. Eu me lembro de sempre ouvir a Thais perguntando para as pessoas se elas já tinham enviado a requisição para o KOPEL. “A solicitação de viagem já foi aprovada pelo KOPEL?” “Loraine, as ações de Micromarketing foram aprovadas lá no KOPEL?” “Tenho que ligar no KOPEL para pedir autorização para mudar a data da minha viagem.” E assim por diante. E não era só a Thata que falava sobre essa área. O banco todo tinha o KOPEL na cabeça. Eu logo percebi que era uma área muito importante do Citi, se não a mais importante. Sendo assim, eu, que não sou besta, também comecei a querer mandar tudo para o KOPEL. Como diz um amigo meu...”nós sempre temos que nos dar bem com o RH e com o gerente do nosso banco...mas eu incluiria, nessa lista dele, a tal área KOPEL. Bom, os meses foram passando até que eu me desse conta de que o departamento KOPEL, na realidade, era uma “PESSOA”. Para falar a verdade, eu achava, até o dia da descoberta, que KOPEL se escrevia COPEL – de repente podia ser – The Corporate Purchase External Leadership. É tanta sigla no Citi. Por que não COPEL? Enfim, o KOPEL era o CFO do Citi Brasil. Esse é seu sobrenome. Ele não era uma simples área, mas uma entidade. Tudo tinha que passar por ele...até a eventual compra de uma banana. “Loraine, tá na hora de repormos o uniforme da Rede. Podemos acionar Compras?” E eu dizia, lá no começo, ainda acostumada com o meu último empregador...”pode, Querida, mas não precisa falar com Compras, eu mesma posso decidir, viu?” E logo o diálogo continuava...”kkkkk...da onde você veio mesmo?” Aqui, além de falarmos com a sua chefe, o chefe da sua chefe, o chefe do chefe da sua chefe, temos que ver se o KOPEL vai aprovar, viu, Loraine?” Não viaja. E assim foi. Mas hoje, depois de três anos, acho normal. Quem sabe esse modelo não seja o modelo correto? Afinal, sempre há um KOPEL em todas as grandes corporações...quando também não há a COPEL. Já pensou se o KOPEL fosse responsável pela COPEL? Aí que eu teria pirado ou feito todo mundo enlouquecer. What a mess!!!

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