Caso Yoki! Monogamia intolerante!

Elize Yoki...Ops...Elize Matsunaga, aparentemente, uma mulher que nunca teve muita “opção” de escolha na vida,“optou” por vir para São Paulo para se tornar uma prostituta de luxo. Isso não se classificaria como uma opção ou eu, que, sem sombra de dúvida, tive uma vida bem melhor do que a dela, não sei o que estou falando? Pode até ser. De qualquer maneira, eu acho que ela escolheu bem. Não sei quais eram as outras alternativas que tinha, ou se tinha outras, mas a escolha pela prostituição de luxo permitiu que ela conhecesse um cavalheiro bilionário, feio, mas bilionário. Um cavalheiro, que devia ter berço, pois até a porta do carro abria para a sua “The Lady Killer”(by Cee Lo Green). A essa hora, o coitado deve estar lá no Umbral, que já é uma zona de sofrimentos e de dor, tentando juntar as peças do quebra cabeça da sua vida...e também, no caso específico dele, tentando juntar as partes do seu corpo, todo, corretamente, desmembrado em suas articulações, né? A junção do corpo, lá no céu, nesses casos, deve ser mais fácil. Humor negro...mas é que não dá para não achar essa história uma pérola, uma fábula com final previsível. Bom, mas como o Umbral é um universo paralelo, espaço invisível, talvez só a alma do Marcos esteja em dor, mas já sendo amparada pelos mensageiros superiores. Torço para que sim, Marcos. Como analisar e compreender toda essa complexa história? Analisemos os fatos. Seria a Elize, em sua essência, uma catatímica, como mencionado na Veja dessa semana? Catatimia, para quem não sabe, é um conceito, criado em 1912, pelo psiquiatra Hans W. Maier, que significa “em acordo com as emoções”. Em 1937, o psiquiatra Fredric Wertham retomou esse conceito para entender as motivações por trás dos atos catatímicos. Segundo ele, a “crise catatímica” ocorre quando o balanço entre a lógica e a afetividade está perturbado, isto é, a intensidade dos afetos da pessoa em relação a determinado tema é tão grande a ponto de distorcer seu raciocínio, seu pensamento, todo o seu psiquismo. E tudo isso é acompanhado da sensação de que a pessoa tem que logo partir para a ação. E por que esse caso, dessa doida com esse coitado, chamou-me tanta atenção? Eu sou uma pessoa que questiona a monogamia. Minhas amigas me acham doidas. O meu marido me acha um sonho de consumo...kkkkkk. Mas pera aí! Não é porque questiono o conceito que eu o aceite. Não dá para aceitar que o seu marido tenha mais de uma parceira sexual. Pode até ser hipocrisia da minha parte, já que faço os meus questionamentos sobre o tema, mas acho que chega a ser algo cultural. O Brasil é monogâmico e eu nasci aqui...fazer o que? É difícil assumir a cornidão, termo, aliás, bem usado por Arnaldo Jabor. No passado, não tão remoto, as pessoas se viam obrigadas a se manterem umas com as outras, por motivos que não o amor, o tesão, a afinidade, enfim. Na maioria das vezes, o que as mantinha juntas era a questão financeira, a dependência uma da outra, o casamento com a comunhão total de bens. Hoje, de verdade, ninguém depende de ninguém. Ninguém, talvez, seja um exagero da minha parte, pois estaria generalizando e tratando o Brasil como um todo, mas a maioria dos casais, das classes mais avantajadas, não precisa viver junto, se não quiser. E tem outro ponto importante. Mesmo que “queiramos” nos manter ao lado de alguém, isso não significa que nunca mais venhamos a ter desejo por outro alguém. Uma coisa não tem a ver com a outra. Isso seria impossível, pois somos seres humanos pensantes e sensitivos...muitos de nós, alias, não somos cegos. Porém, na sociedade na qual vivemos, temos que recalcar esses possíveis desejos pecaminosos ou, como diriam os mais religiosos, anticatólicos. A Elize e o Marcos, por exemplo, frequentavam a igreja anglicana, que compreende-se católica e reformada. Mas ela também se compreende protestante, já que não está subordinada nem ao Vaticano e nem ao papa. Entendo todas essas crenças, sobretudo as crenças de qualidade. Admito, acima de tudo, que as pessoas têm boas razões para acreditar nelas. Respeito os que creem. Eu mesma tenho a minha crença hipócrita de que ser corno é ruim. Na realidade, ser corno não é ruim, ruim é o fato de saberem que você é corno. Em nossa cultura isso é pejorativo. Enfim, talvez também por causa dessa minha relação com a “cornidão” acho que, tanto quanto a religião, ou por causa dela, a monogamia causa estragos, como esse, causado com esse casal, com essa família. O meu marido acha que esse episódio nada tem nada a ver com monogamia, com ciúmes dela, mas com o seu bem estar, com o fato dela saber que poderia perder tudo que tinha conquistado, por meio do relacionamento que tinha com ele, e voltar a ter aquela vida sofrível de antes. Não sabemos em que termos judiciais eles se casaram, mas pode ser que o Luiz tenha razão. Afinal, ela sabia com quem estava lidando. Ele deixou uma esposa e um filho pequeno para passar a viver com ela. Por que isso não poderia acontecer novamente? E por que não, né? Claro que poderia. Por isso eu ainda acho que esses crimes são mais passionais do que inteligentemente premeditados. Videm o caso do ex-cirurgião Farah Jorge Farah, que afirmou ter mantido relacionamento com a dona-de-casa Maria do Carmo Alves até saber que ela era casada. Matou-a depois da descoberta. Lembrem-se também do caso do crime da mala, de 1928, de um imigrante italiano, o Giuseppe Pistone, que assassinou sua esposa, Maria Fea, e ocultou seu corpo em uma mala. Tudo isso também por ciúmes. Ciúmes??? Ninguém é dono de ninguém. Por isso, a convivência não pode ser uma obrigação. Tem uma amiga nossa que me disse, há algum tempo, uma coisa muito interessante. Na época, ela me fez reanalisar tudo isso que já penso há tempos. Ela me disse o seguinte: “Lô, no Brasil, quando somos mais novos, adolescentes, jovens, nossos pais, sobretudo os pais e não as mães, dizem aos filhos homens que eles têm que comer todas as meninas, transar até caírem duros...já para as meninas, o discurso é completamente diferente...filhas, vocês têm que entrar no altar ainda sendo virgens, só podem se entregar ao seu futuro esposo...e blá, blá, blá...” Não é que é isso mesmo que ouvimos? Sobretudo aqui no Brasil? Pois é...e o que acontece depois que nos casamos? O coitado do marido tem que transar com a mesma mulher, todas as vezes, e a mulher, por sua vez, que não podia dar para ninguém, tem que estar sempre disposta a transar com o seu marido. Isso pode dar certo? O instinto do homem é mais animal...a mulher, por si só, no geral, é menos disposta. Aliás, uma pesquisa, recente, feita pela USP, apontou um dado que surpreendeu os brasileiros: para as mulheres, o sexo é a oitava prioridade na vida, enquanto que para o homem, é a terceira. Para ele, a atividade sexual só é menos importante do que ter uma alimentação saudável e o tempo de convivência com a família. Para a mulher, tem, no meio de tudo isso, até a questão da qualidade do sono, convivência social, entre outras coisa. Acreditem se quiser...esse resultado foi alarmante para os homens. Como assim? Eles ainda não sabiam disso? Seus instintos são, realmente, animais. Enfim, sobre o caso Yoki, tenha o Luiz razão ou a Loraine, acredito que se a Elize não estivesse preocupada com a traição, com a cornidão, seja lá que nome dermos a isso, talvez o Marcos ainda estivesse inteirinho, sem nenhum retalho, mesmo que acariciando outra pessoa, que, possivelmente, em função do inferno de vida conjugal que ele estava tendo com a esposa, era apenas uma aventura. Ele poderia vir a ficar com essa outra, como optou por ficar com a Elize no passado? Poderia. Mas talvez não fosse o caso. Para finalizar, vou citar um outro estudo, dessa vez, realizado no Canadá e publicado na revista Philosophical transactios of the royal society, que concluiu que as sociedades monogâmicas são menos violentas que as sociedades poligâmicas. O estudo alega que a poligamia abre grande margem para o aumento de estupros, sequestros e homicídios. Segundo esses estudiosos, a monogamia induz a um controle social, pois em um modelo de sociedade em que um homem possa ter várias mulheres, ou o inverso, apenas os mais abastados financeiramente teriam condições para manter vários parceiros. É mesmo? E o coitado do Marcos, que mesmo mega abastado, não teve essa condição? Aliás, minto, teve sim, manteve um relacionamento, paralelo, com a Elize, sua esquartejadora, não é mesmo? Ou li, ouvi errado? Quer dizer que as sociedades monogâmicas são menos violentas do que as poligâmicas? O que será que de tão horrível acontece nas sociedades poligâmicas? Tenho até medo de saber. En fin...como diria nosso saudoso Cazuza...”a burguesia fede...”.

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