The taxi driver and the Saint of Pop, Michael Jackson!
Outro dia, já faz bastante tempo, a Thais e eu pegamos um
taxi para ir da AB para o Citi Center. Devíamos ter uma reunião por lá. Para variar,
fomos falando mais do que a boca. Ela, vale ressaltar, falando sempre mais do
que eu, né, Thata? Como tenho essa minha origem oriental, oriunda de Macau, primeiro
entreposto e última colônia europeia na China, tenho como registro predominante
a audição. Embora até fale bastante, considero-me melhor ouvinte do que falante.
E acho que tem gente que também tem essa percepção sobre mim, viu? Mas enfim,
pegamos nosso Ligue Taxi e seguimos, falando e ouvindo, rumo à Paulista. Era
tanto assunto. Entre eles, entrou o caso “Michael Jackson” e sua estranha morte.
Não sei como entramos nesse papo. O fato é que passamos a conversar sobre o
maluquete. No meio do assunto, o taxista não se conteve e começou a interagir
com a gente sobre King of Pop. Só um parênteses:
isso prova que a classe dos taxistas, de fato, presta atenção nas conversas da
sua clientela. Tenhamos mais cuidado, hein? Bom, e o papo rolou...foi Michael
pra cá, Michael pra lá...Thriller, enfim, falamos da morte dele, das drogas, da
aparência estranha, da mudança de cor, sobre tudo. Depois de muito papo, o taxista
nos disse que tinha um DVD, ali no carro, do Clip Ghosts. Disse ele que ficou na fila, por mais de três meses,
para conseguir aquele DVD. Eu nunca tinha assistido a ele, mas já tinha ouvido
falar muito sobre aquela obra. A Thais também nunca tinha visto. O cara,
proativamente, desligou a TV, que estava ligada na Globo, e colocou o DVD. O
aparelho, para contextualizar, ficava um pouco abaixo do retrovisor do
motorista. Mau lugar para quem dirige. Ótimo lugar para quem está sentado no
banco de trás...nosso caso. E o vídeo começou. Desde o início, ele é bem impactante, bem Michael
Jackson. Nós , imediatamente, paramos de falar e ficamos vidradas na telinha.
Nesse momento, já tínhamos cruzado a Paulista, estávamos na Pamplona para
entrarmos, à esquerda, na Alameda Santos. Lembro-me dessa parte. E o DVD continuava
rolando, a música alta, muita emoção dentro daquele taxi quando, de repente,
houve algo. A Thais e eu batemos a cabeça, uma na outra, o taxista
gritou...antes disso tudo, o carro tinha dado um solavanco, um sacolejo. Foi
como se tivéssemos passado por uma lombada em alta velocidade. Sabem a
sensação? Ainda mais quando se está despreparado para o que estar por vir, como
era o nosso caso. Totalmente envolvidas com os Ghosts, não vimos a baixaria. Imaginem vocês o que tinha sido tudo
aquilo? Nós tínhamos acabado de atropelar um senhora. Isso mesmo. Quando estávamos
virando, à esquerda, na Alameda Santos, o taxista, que, inconsequentemente,
também estava prestando atenção no Clip,
e não na direção, atropelou uma senhora. Só não foi pior porque ele não estava
correndo. Nós não entendemos nada. Não sabíamos o que tinha acontecido. E a
música, alta, continuava. Nem o taxista sabia o que ele tinha feito. Foi aí que
começou a juntar gente na frente do carro. O motorista, desesperado, saiu do
taxi, nós também, e correu em direção à dona. Graças a Deus, nada de muito
grave tinha acontecido. Nós colocamos a senhora no taxi, com a gente, e a
levamos para o Citi. Confesso que a Thais e eu ficamos com a consciência
pesada, atordoadas, pois sabemos que tínhamos distraído o doido do motorista. A culpa também tinha sido nossa. A senhora havia machucado a perna e o pé, mas
não tinha sido nada grave. Fizemos o cara embicar na garagem do banco e lá
ficamos, até que alguém da família dela aparecesse. Se não me engano, o filho
(ou o marido) veio...chegou rápido até. Devia trabalhar por ali. Não sabíamos mais
o que fazer. Não contamos nada, para ela e nem para ninguém, sobre o Michael Jackson e, com isso, acabamos protegemos o taxista. Até agora não sei bem porque fizemos isso.
Culpa? Pode ser. Mas ele era o principal culpado, pois parou de prestar atenção
no que estava fazendo para ver, pela vigésima vez, o mesmo Clip. Bom, o moço colocou a senhora e seu filho (ou marido) no taxi
e seguiu com os dois para o hospital. Lembro-me de termos pego o telefone dela.
Já não sei mais o seu nome. No final do dia, ainda com a consciência pesada e
preocupadas, ligamos para a senhorinha, que nos garantiu estar bem. Disse que
tinha sido apenas o tornozelo, mas que já estava com aquela botinha
imobilizadora. Ufa...menos mal!!! E as nossas vidas seguiram. Nunca, além de
nós três, Thais, Loraine e o taxi driver,
soube desse episódio...até hoje, pelo menos. Aliás, minto acho que o Michael
também soube...ele, com certeza, acompanhou toda aquela história e, como um Santo Pop, protegeu a pobre senhora, que, por
um triz, não foi ao seu encontro naquela tarde. Em 2009, por causa da sua
morte, muitas pessoas cometeram suicídio, sobretudo fora do Reino Unido. Acho
até que essa história aconteceu entre 2009 e 2010, mas me custa acreditar que a
senhora era uma “MICHAEL JACKSON SUICIDAL
FAN”. Teria sido muita coincidência. “Em nome de Michael..vamos viver
juntos, como irmãos, e não morrer como idiotas"...já diria Gary Taylor,
líder do fã clube do Rei Pop na internet.
Com certeza fiquei com a consciência pesada. Lembro de ficar tremendo de susto quase uma hora depois que tudo aconteceu; provavelmente não consegui prestar atenção na reunião que fomos participar, não do jeito que deveria.
ResponderExcluirÉ fato que nunca havia contado para ninguém , mas agora virou história no seu blog e valeu a pena.. Ficou ótimo!!! Ótimas recordações daquele tempo. bjs