O minha quase morte em 2007!

Duas coisas são certas nessa vida...uma é que nós vamos morrer um dia...a outra é que vamos perder o nosso emprego um dia...ou mais de uma vez na vida, ou mais de duas vezes na vida...enfim, mas essas perdas virão, certamente, antes de morrermos. Aliás, a perda de um emprego pode gerar a morte da pessoa impactada, de membros da família da pessoa impactada, embora não devesse. Mas já vi casos. É uma pena as pessoas não conseguirem atinar que a demissão faz parte, assim como a contratação, o entusiasmo pelo trabalho, os eventuais desânimos que ele causa...todas essas são etapas dos ciclos pelos quais os seres humanos têm que passar para viver esse conceito tão amplo que é a vida, esse processo contínuo de relacionamentos. Bom, mas esse texto não tem nada a ver com “como lidar com o desemprego”, nada a ver. Ele é a história da minha “quase morte precoce”, “quase causada” por um susto dado, em mim, pelo meu “tudo”, pela “minha pessoa amada”, pelo maluco do meu marido. Tenho revelado várias coisas sobre a minha vida, sobre a minha personalidade nesse Blog, então, por que não revelar alguns medos que tenho? Não são tantos assim, mas tenho alguns. Um medo, fraqueza, pavor, pânico, pusilanimidade, terror, temor, que tenho é de LAGARTIXA. É algo que não tem explicação. Aliás, deve até ter uma explicação para tanto asco...algo deve ter acontecido entre mim e uma osga em minha infância, mas a minha mãe não sabe me dizer. Ela não deve ter presenciado. O fato é que eu não posso ver uma LAGARTIXA em minha frente, pois deixo, imediatamente, de passar bem. Quem me conhece, convive comigo há mais tempo, os mais próximos sabem desse meu fracasso. Não tenho como esconder isso deles. Outrossim, eu espero que essas pessoas, sobretudo as que me amam, para as quais tenho mais importância, preservem-me, protejam-me, evitem que eu tenha um encontro com esse ser asqueroso. Eles sabem da minha fobia, então, deveriam preservar a minha felicidade, penso eu. Fobia, para quem não sabe, é o terror da mente, é o medo persistente, excessivo e irreal de um objeto, de uma pessoa, de um animal, de uma atividade ou de situação. É um tipo de distúrbio de ansiedade que, dizem, só a hipnose resolve...se é que ela resolve. Eu acho até que a fobia pode levar à morte...ou quase levar, como foi o meu caso em 2007. Como escrevi acima, a nossa morte é certa...mas morrer de susto...tão jovem...não teria sido justo. Pois bem. Era outubro de 2007. Como de praxe, havia festas de halloween rolando em tudo que era lugar. Na empresa Visa Vale, atual Alelo, onde trabalhávamos o Luiz e eu, sempre havia festas em épocas desse tipo. No mínimo, se não fizéssemos a festa em si, nós envelopávamos os andares com o mote. Naquele mês, em um certo dia, o Luiz chegou em casa do trabalho, antes de mim, e deve ter ficado matutando, se é que não tinha feito isso durante o dia todo, como faria para me dar um susto. Tanta coisa melhor para matutar, mas não, ele queria mesmo era me aborrecer...certeza que não queria me matar. Eu, sem saber o que estaria por vir, fiquei trabalhando, até um pouco mais tarde do que ele, e depois, tranquilamente, peguei meu carro e segui para a nossa casa. Lá chegando, dei um beijinho, no meu amado, de “boa noite, cheguei!”, e fui tomar meu banho. No apartamento onde morávamos, até novembro de 2011, para acessarmos o banheiro do casal, tínhamos que entrar no closet. Era um barato. E lá fui eu. Tomei meu banho, enxuguei-me, passei meus cremes, sequei meu cabelo, tudo isso ainda dentro do banheiro...embrulhei-me de volta na toalha e abri a porta, que dava para o tal closet. Percebi que o Luiz estava por ali, por perto. Logo, ele começou a falar comigo, a contar como tinha sido o dia dele, a perguntar como tinha sido o meu. E eu continuei dentro do armário, pois as minhas roupas estavam lá. Enquanto me vestia, senti que o Luiz tinha se aproximado um pouco mais, senti que ele estava parado, encostado na porta, entre o closet e o quarto, atrás de mim. Nem olhei pra ele. A gente continuou conversando enquanto eu terminava de colocar o meu pijama. Acontece que, em determinado momento, acabei de me vestir e tive que virar para ele, com a intenção de ir para o quarto, de sair de onde eu estava. Quando olhei para o Luiz, nesse exato momento, eu quase passei dessa para melhor. O ano de 2007 teria sido o meu último ano de vida, não fosse o próprio Luiz ter me acalmado depois da lambança que tinha feito. Quando olhei para ele, ele estava sem camisa, recostado na porta, olhando para mim, como se nada tivesse acontecendo, com uma LAGARTIXA, enorme, em sem ombro, meio que escorregando para o seu peito. Para mim, foi o apocalipse...o final do meu tempo tinha acabado de chegar. De bate pronto, não compreendi aquela cena. Nem consegui pensar direito no que estava acontecendo...comecei a berrar...mas olhei, olhei outra vez para a LAGARTIXA, gritei, joguei-me dentro do armário dos sapatos, cai no meio deles, as roupas despencaram dos cabides e caíram em cima de mim, e eu continuei berrando...clamando, bradando. Comecei a chorar, chorar muito...passei a gritar e a chorar ao mesmo tempo. Eu tentava falar com o Luiz, para que ele me ajudasse, pois estava, realmente, passando mal, estava, mesmo, tendo um treco, mas não conseguia...e ele também estava alterado, estava falando alto comigo, tentado me tirar de dentro do armário...mas eu esperneava, gritava e chorava. Finalmente, o Luiz conseguiu me pegar do chão do closet. Tirou as roupas de cima de mim, ajudou-me a me desvencilhar dos pares de sapatos e me levou para o quarto. Nós nos deitamos na cama. Eu continuava chorando, de soluçar. O Luiz, aí sim, muito mais bem intencionado, carinhoso, preocupado com a minha saúde, foi me acalmando, conversando comigo, deixando-me menos inquieta. E ficamos lá por alguns minutos. Quando estava tudo menos aterrorizante, quando ele teve a certeza de que o meu coração tinha voltado a bater normalmente, num compasso mais normal, ele me contou o que tinha aprontado. Aquela LAGARTIXA, que pareceu a coisa mais real do mundo, era de plástico. Ele a pegou na Visa Vale. Ela fazia parte da decoração de helloween daquele ano. Segundo ele, queria ter feito uma brincadeira comigo. Brincadeira? Como assim se o Luiz sabe do meu pavor por LAGARTIXAS? A questão é que, até aquele dia, ele não tinha levado a sério o meu distúrbio. Aliás, diga-se de passagem, ele também quase morreu no meio de tudo aquilo. Ele me contou, depois da tormenta, que ele achou que ele iria ter um treco, porque teve a impressão de que eu ia desmaiar, ter um infarto, sei lá. Graças a Deus, os dois sobreviveram. Ele nunca mais fez algo parecido com aquilo. Entendeu o meu terror da mente. Além de detestar LAGARTIXAS, eu também odeio tomar susto...e ele também sabia disso. Mas são águas passadas. No final de 2008, precisamente, no dia 1º de dezembro daquele ano, tivemos a nossa Laís. Com o seu nascimento, além de todas as alegrias que ela trouxe para a minha vida, passei a ter medos diferentes, novos medos, novas sensações, angústias...comecei o meu processo de mudança de prioridade. Hoje em dia, por ela, para o bem dela, para protegê-la, salvá-la de qualquer coisa, de qualquer mal, comeria LAGARTIXAS vivas, se necessário fosse. É claro que o meu medo delas continua. Se pudesse, para sempre, não escolheria me deparar com esses mini jacarés. Mas, de fato, as minhas prioridades mudaram, são outras. Pela Laís, encararia qualquer medo, até esse.

Comentários

  1. Não conhecia esse seu medo. De fato as pessoas as vezes precisam de provas para entender nossos sentimentos, sendo eles bons como amar alguém ou inquietantes como o pavor por uma largatixa.

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  2. De fato os medis mudam depois q os filhos nascem, né? E são bem piores do q o pavor de lagartixa!

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  3. Hilario....mini jacares foi otimo!

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