Sabia que existe um estado chamado Arkansas nos Estados Unidos?
Em 1990, fui
morar nos Estados Unidos. No dia 29 de agosto daquele ano, saí do Brasil, de
São Paulo, e fui para Lynn, uma cidade de 345 habitantes no estado sulista de
Arkansas. Eram três horas, de carro, de Little Rock, a capital, até essa
cidadezinha. Alguém famoso que tenha nascido nesse estado? Tem sim. William
Jefferson Clinton. Bill, Monica Lewinsky? Sabem? Pois é, ele mesmo. O Sir
William foi governador do estado de Arkansas por dois mandatos. Fera ele. Bom,
em 1990, eu tinha 16 anos. Os planos para essa viagem começaram quatro anos
antes, em 1986. Eu disse aos meus pais, quando tinha de 12 para 13 anos, que,
quando fosse um pouco mais velha, gostaria de poder fazer intercâmbio nos
Estados Unidos. Fui influenciada, bem influenciada, aliás, por uma professora
de inglês que tive no CCI, a Sra. Gisela. Bela pessoa. E meus pais correram
atrás de tudo, principalmente do dinheiro, para que esse meu desejo se
realizasse. E lá fui eu, morar em uma fazenda, no meio do mato, no interior de
Arkansas, no meio, inclusive, da minha adolescência. Mas fui com fé, sabendo o
que estava fazendo, sabendo, sobretudo, que eu teria que me adaptar a vida
deles e não eles a minha. Eu comecei a fazer inglês quando tinha 11 anos. Meus
pais me colocaram na Cultura Inglesa. Sempre fui estudiosa, então, dedicava-me
de verdade. Sempre gostei de inglês. Quando fui escolhida para morar nessa
família, lá nos Estados Unidos, imaginei que a questão da língua não seria o
maior problema. Já fazia cinco anos que eu estudava inglês. Eu fazia tudo
direitinho. Estudava mesmo. Antes da viagem, nós nos correspondíamos por meio
de cartas. Trocamos muitas cartas. Cartas mesmo. Eles mandavam fotos deles e
nós mandávamos fotos da gente. Cada família fazia sua propaganda. Eu entendia
as cartas deles e eles pareciam entender o que eu escrevia. Com certeza o meu
maior problema, a minha maior angústia seria a distância, ficar longe dos meus
pais, do meu irmão e dos meus amigos por tanto tempo, mas não o inglês. O
inglês eu tiraria de letra. Adianto que foi ingenuidade minha ter pensado dessa
forma. Nossa, há tantas histórias boas sobre essa parte da minha vida nos
Estados Unidos, mas a de hoje é, especificamente, sobre o início da minha
convivência com o pessoal da minha turma, na High School (na época, 3º colegial
no Brasil). Vamos recapitular então. Saí de São Paulo no dia 29 de agosto de 1990,
sentido Lynn, Arkansas. Uma jornada até lá. São Paulo, Miami, Miami, Atlanta,
Atlanta, Little Rock. O cansaço foi aumentando, o nervosismo, nem se fala, a
saudades de casa já era enorme...eu nem tinha chegado em Arkansas e já queria
voltar para o Brasil. Mas continuei. Coração na boca. A experiência com o
inglês já não foi bem quando saí de Miami. A interação com as aeromoças, nos voos
internos, não foi fácil. Percebi, logo de cara, que o meu inglês não era tão
fluente quanto eu imaginava. O avião, finalmente, pousou em Little Rock. E o
nervosismo foi aumentando. Saí da aeronave e fui seguindo os passageiros. Nada
melhor do que copiar as pessoas quando não se sabe o que fazer. Peguei as
minhas malas. Já tinha feito alfândega em Miami, então, foi tudo mais fácil. Bom,
tinha chegado a hora de encarar a minha nova realidade. Seriam dez meses ali. E
fui. Quando cheguei lá fora, havia diversas pessoas. Sempre alguém está esperando
por outro alguém em aeroportos. Mas havia, num cantinho, uma família que estava
segurando bexigas de coração, ursinhos de pelúcia, vestia bonés do Arkansas
Razorbacks...eles, com certeza, esperavam por alguém de uma forma diferente. Adivinhem?
Era a minha família americana. E lá fui eu ao encontro deles. Eles me
abraçaram, beijaram, entregaram-me as bexigas, os ursos, colocaram um boné na
minha cabeça, uma festa. Que medo. Eram três pessoas. O Van, o pai, a Janice, a
mãe, e uma terceira pessoa, a Nina, que, para mim, estava totalmente fora do
contexto. Eu nunca tinha visto fotos dela nas trocas de cartas. Ali na hora, eles
me explicaram quem a Nina era, mas eu não entendi. O meu inglês, constatei
outra vez, não servia para nada. A sensação era de como se eu nunca tivesse estudado
a língua na vida. Foi aterrorizador. Seguimos do aeroporto para um restaurante,
o Red Lobster. Quiserem me agradar. Mal sabiam eles que eu não gosto de camarão,
de frutos do mar, mal como peixe. E foi só o que pediram. Entupi-me de pão, mas
tive que comer um pouco de todo o resto. Encarei. Sempre pensava naquilo que
escrevi antes. Eu tenho que me adaptar a eles e não eles a mim. Mesmo porque, naquele
momento, eu não teria sabido dizer a eles que eu não gostava de nada daquilo. O
mais fácil era sempre ir mandando, a cada interação, YES, YES, YES. O almoço
acabou. Pegamos o carro e seguimos para Lynn. Três horas de viagem. Eu achei
melhor dormir. Não iria conseguir conversar e estava, de verdade, muito
cansada. Dormi, mas com os ouvidos bem abertos. Os três conversaram muito durante
a viagem e eu queria ver se conseguia captar, no meio daquela falação toda,
quem, de fato, a Nina era. Mas fiquei sem saber. Acho que não falaram sobre
isso. Se falaram, eu não entendi. E, finalmente, chegamos ao meu novo lar. Uma
fazenda enorme, cheia de gado de corte. A casa ficava lá no alto. Para
chegarmos até ela seguimos por um caminho todo arborizado, chão de pedrinhas, pasto
dos dois lados, pitoresco. Estacionaram o carro, ajudaram-me com as malas e me
levaram para os meus aposentos. O quarto estava todo arrumadinho. Edredom
florido, cômodas de madeira para que eu pudesse acomodar as minha roupas, uma
graça. Tinha um janelão, bem em frente à cama, que dava para um lago. Olhei
para fora...surpresa...perto do lago havia um monte de cavalos. Uma maluquice.
Nada a ver com a vida que eu tinha em São Paulo. Havia duas portas para acessar
o meu quarto. Uma vinha do corredor da casa, por onde viemos...a outra dava
para um banheiro, que também era a lavandeira. Dentro do banheiro tinha outra
porta, que dava para outro quarto, que tinha outra porta, que dava para a cozinha.
A casa era toda interligada. Aquele banheiro era o único que tinha ducha. Os
outros dois só tinham banheiras. Eles tomavam banho de banheira...nunca tomavam
uma ducha. E as novidades foram surgindo. Mas eu tinha que me adaptar a eles e
não eles a mim. E vamos embora, eu pensava. Eu não sabia muito bem o que fazer.
Não sabia se descansava, de desarrumava as malas, se ficava com eles. Eu queria
mesmo era voltar para a minha casa no Brasil. De repente, a casa foi enchendo
de gente. Começou a chegar gente do Além. Alguns eu pude reconhecer, por causa
das fotos das cartas. Chegaram meus quatro host
brothers, chegaram pessoas, que depois vim a descobrir que seriam meus
amigos de classe, chegaram as namoradas dos irmãos, tias, tios, avós, etc. Todo
mundo queria me conhecer…the Brazilian
Nut had just arrived from the Rain Forest. Ao certo, queriam ter certeza de que eu não era uma
macaca. E foi um furdunço. Todos queriam interagir comigo. Eu não entendia
nada, nada, nada. Eles só riam. Quando eu tinha que dizer sim, dizia não,
quando tinha que dizer não, dizia sim. Show de horror. Que loucura. Até que o
primeiro dia foi engraçado, mas muito cansativo. Finalmente, todos foram embora
e eu pude descansar. Dormi muito, até o dia seguinte. Acordei meio assustada.
Não sabia, exatamente, onde estava. Era sexta-feira, dia 31 de agosto. No dia 3
de setembro, as minhas aulas começariam. Eu faria o 3º colegial na Lynn High
School. O final de semana passou, até que o primeiro dia de aula chegou. No
final de semana, tentaram me explicar todo o esquema sobre o dia-a-dia na
escola, mas eu só entendi parte. E lá fomos nós...Loraine, Randy, o irmão mais
novo, e a Janice, que nos conduziu, para o externato. Se eu fosse detalhar tudo
que aconteceu nesse primeiro dia, poderia escrever um livro. Vamos ver se faço
isso aos poucos. Por hora, vou contar sobre como se deu o começo da minha
interação com os meus amigos. Antes de sair de casa, no dia 3 de setembro, a
Janice, minha host mother, deu a mim
e ao Randy US$ 0,75, para cada um. Eu já sabia do que se tratava. Era o
dinheiro para o almoço. Eu tinha aprendido isso lá no Brasil. Os host parents têm que tratar os exchange students como se fossem seus
filhos , então, teriam que me pagar, diariamente, o almoço servido na escola.
Muito bom o esquema. Eu não teria que gastar o meu pobre dinheirinho para almoçar.
A escola era algo fenomenal. Difícil de descrever. Difícil de acreditar que numa
cidade de 345 habitantes tinha uma escola, pública, como aquela. Logo que
chegamos, dei uma olhada em volta e vi que a escola era composta por seis
prédios. Seria uma insanidade entender tudo aquilo tão rapidamente. Mas daria
certo, com muita fé e esforço, tudo daria certo. Um dos prédios, o que ficava
bem na parte central, tinha o nome de Cafeteria. Imaginei que o almoço devia
ser serviço ali. Bom, a Janice me levou até o diretor, Mr. Larry, apresentou-me
a ele, que estava me esperando, e foi embora. Ele me levou para a sala de aula.
A aula já havia começado quando entrei na classe. Nunca me esqueço. A minha
primeira aula foi de trigonometria. Trigonometria em inglês...já pensaram? Usei
aquele método básico...copiar o que todos faziam. Os coitados até tentavam
interagir comigo, e eu com eles, mas a gente não se entendia. Para mim, é como
se eles latissem ou falassem russo, grego, menos inglês. Mas as coisas foram
entrando nos eixos ao longo dos meses. Eu os seguia para tudo. Lá nos Estados
Unidos, os alunos mudam de classe. Não são os professores que vem até a sala de
aula onde estão os alunos. Eles têm suas salas e os alunos vão até elas. Cada
aluno tem um armário. O professor de trigonometria, após a aula, levou-me até o
meu. Tínhamos que passar nele antes de cada aula, para poder trocar o livro,
pegar o caderno referente a aula que teríamos em seguida, etc. Ficávamos na
escola até às 15h. Umas 11h30, era o horário do almoço. Como eu já tinha meus
US$ 0,75, seria fácil...eu seguiria meus colegas até a Cafeteria e faria o que
eles fizessem. No final, provavelmente, teria que entregar as moedas. Só que
chegou a hora do almoço, no primeiro dia de aula, e ninguém, absolutamente,
ninguém da minha classe seguiu rumo ao refeitório. Éramos catorze alunos. Os treze
seguiram para um outro prédio, que ficava no sentido oposto à Cafeteria. E eu,
como sombra, os segui. Chegando lá, cada um pegou seu lanche, que, tinha sido
feito em suas respectivas casas, e os comeram, sentados à mesa da sala de Home
Economics...Home Ec. Não só tinham sanduiches prontos, como também levaram
refrigerantes diet e frutas de sobremesa. E eu? Eu só tinha meus US$ 0,75. Não entendi
bem o que estava acontecendo. Mas também não sabia perguntar. Eles devem ter me
perguntado se eu queria algo, se queria comer o lanche deles, se queria que
eles me levassem ao refeitório e eu devo ter respondido algo esdrúxulo,
totalmente sem sentido. Eu não os entendia e sabia que eles também não me
entendiam. Fiquei lá com eles, até que tivemos que voltar para a aula. No final
do dia, quando voltamos para casa, eu não soube explicar o que tinha
acontecido. Parecia conversa de maluco. Só fui comer algo às 17h30, horário do
jantar deles. Primeira refeição? Pizza, milho e coca. Saudabilíssimo. Mas comi
tudo. No dia seguinte, mesmo esquema, pela manhã, peguei meus US$ 0,75 com a
Janice e segui para a escola. Na hora do almoço, nada de Cafeteria...todos
foram, novamente, para o prédio de Economia Doméstica. E lá fui eu com
eles...fiquei sem almoço outra vez. Final do dia? Fui para casa, também não
consegui explicar o que tinha acontecido no meu dia, jantei hambúrguer, fritas
e coca e fui dormir. E assim foi...um dia após o outro...nada de almoço...nada
de conseguir explicar o que eu queria...nada de nada por uma semana. Na
segunda-feira seguinte, dia 10 de setembro, resolvi que teria que também levar
algo para comer, já que o povo da minha sala parecia muito light. Eram gorduchos, mas deviam comer, muito, somente depois da
escola, pois durante o horário em que estávamos juntos, não comiam quase nada.
Acordei mais cedo, arrumei-me e fui preparar o meu lanche. Fiz um sanduiche com
tudo que encontrei na geladeira. Eu ainda peguei uma coca, normal, e uma Grape
Fruit. Lembrei-me até de levar a faca para cortá-la. Sabe Deus se eu saberia
dizer que precisaria de uma faca. Levei. Chegou o horário do almoço novamente.
Fui até o armário, abri o cadeado, deixei o meu material da última aula, peguei
o meu saquinho com o meu almoço e segui rumo ao prédio de Home Ec. Acabei me
desencontrando da turma. Achei que eles tivessem ido direto da última aula para
aquele prédio. Fui para lá, toda animada, pois daria uma bola dentro, entrei na
sala e...? Ninguém...não tinha ninguém lá dentro. Onde estariam as pessoas?
Será que eu tinha que estar em outro lugar e não tinha entendido que deveria
ter seguido com a turma para lá? Mil coisas passaram pela minha cabeça. No
começo, todo dia, toda hora, eu passava por algo assim. Era muito difícil não
saber o que fazer, não saber se o que eu estava fazendo era o que tinha que ser
feito. Por isso dizem que um intercâmbio cultural faz as pessoas crescerem. E faz
mesmo. A gente sofre, tem que aprender tudo na raça e no geral, somos novos
quando o fazemos. Tudo é muito difícil e fascinante ao mesmo tempo. Crescemos
na marra. É como se tivéssemos que reaprender a viver. Naquele dia, almocei
sozinha. Comi meu lanche e segui para a próxima aula. Lá estavam todos eles, já
sentados, aguardando o professor. Um deles, lembro-me, o Blain Gibbs,
perguntou-me onde eu tinha almoçado. Eu entendi essa pergunta. Eu consegui
dizer que estava no prédio de Home Ec. Eu ainda consegui perguntar para ele
onde eles tinham almoçado. Ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo,
respondeu...na Cafeteria, é claro. Onde mais? Como assim? Onde mais? Que resposta
tinha sido aquela? Será que eu tinha entendido direito? Esses caras estava de
sacanagem comigo. Era trote, só podia ser trote. Será que eles mudavam o local
do almoço deles de semana em semana? O que aconteceria no dia seguinte? Deveria
eu levar meu lanche ou eles iriam almoçar no refeitório? Por via das dúvidas,
resolvi fazer o meu lanche na terça de manhã. Repeti a doze. Fui para a aula e
fiquei bem atenta, para ver onde eles iriam almoçar naquele dia. Eu os seguiria,
com toda certeza. O sinal bateu...saímos da sala, passamos nos lockers, para deixarmos nossos livros, e
seguimos. Como ninguém pegou nenhum saquinho, eu também não peguei o meu. Eu os
segui até a Cafeteria. Finalmente, daria uma bola dentro e usaria meus primeiros
US$ 0,75. Peguei a bandeja, entrei na fila e fui imitando os meus pseudo “colegas”.
Tinha pizza, milho e cookies...tinha
também leite com chocolate. Pizza com leite, pensei? Pois é...seguindo a linha
da imitação, peguei uma caixinha de leite, como a maioria fez, um canudo e, bebendo-o,
mandei a pizza, o milho, que é o melhor do mundo, e por fim, os cookies. De verdade? Apaixonei-me pelo
leite com chocolate deles ali, naquele momento, na minha segunda semana de Estados
Unidos. Não parei mais de beber leite com as refeições...bife com leite, hambúrguer
com leite, rocambole de carne com leite, salada com leite...tudo com leite. E
foi assim que conheci a Cafeteria, no dia 11 de setembro de 1990. Nunca mais
almocei no prédio de Home Ec. Nem os outros. Por muito tempo, fiquei sem
entender o que tinha acontecido do dia 3 ao dia 7 de setembro. Uns três, quatro
meses depois, finalmente, quando já estava até sonhando em inglês, consegui o
detalhamento daquela história toda. Antes das férias de verão, os treze tinham
combinado que emagreceriam juntos no Senior
Year, the final year in High School. Combinaram que passariam a levar seus
próprios almoços e deixariam de comer aquela comida gorda da Cafeteria. E foi
isso que fizeram...por apenas uma semana, pois não aguentaram mais do que isso,
levaram seus lanches e almoçaram em um outro prédio, que tinha uma estrutura
mínima para comportar pessoas fazendo suas refeições. E eu, novata, ET total,
caí na armadilha, deles e da língua. Fiquei sem almoço por cinco dias úteis por
causa dessa palhaçada...rsrsrsrsrs. Quando entendi a história, expliquei a eles
tudo que tinha se passado comigo naquele começo. Nessa época, eu já conseguia
me expressar e já os tinha como amigos. Aliás, até hoje falo com eles, 22 anos
depois de ter ido para lá. Imaginem o que riram, o que me sacanearam? Juraram
que não tinham me dado um trote e que tinham me explicado, detalhadamente, tudo
que estava acontecendo e até tinham me oferecido seus lanches...mas acharam que
eu não comia nada ou que estava de regime...segundo eles, eu não falava coisa
com coisa na época. Comunicação truncada. Mas nós, ao longo do tempo, passamos
a nos entender muito bem, por sinal. E, só para finalizar, até que eu escreva
mais sobre essa minha experiência, querem saber quem era a Nina? Eu também
entendi essa parte da história alguns meses depois de ter chegado. Estava eu em
casa, em um sábado à tarde, olhando umas fotos antigas. Encontrei, no meio de
toda aquela papelada, o Senior Book
de 1984. Folheando-o, do nada, vi uma fotinho da Nina. Ela tinha sido exchange student na casa do Van e da
Janice de 1983 para 1984. Em agosto de 1990, quando foi, com eles, me apanhar
no aeroporto de Little Rock, ela estava visitando sua host family. Ficou com eles durante quinze dias. Nesse ínterim,
cheguei. E várias descobertas como essas foram feitas durantes os meses em que
vivi em Arkansas. Acabei ficando por lá por um ano e não por dez meses, como
planejado no começo. Até hoje, falo com eles e já estive lá várias vezes depois
de 1991, ano em que os deixei para voltar ao Brasil. Essa experiência foi
fantástica e impagável. Sugiro ao pais que tenham condições, que façam isso pelos
seus filhos, de olhos fechados. Sugiro aos que não tenham condições, como era o
caso dos meus pais, que se esforcem para também fazer. A vida, na realidade, é
tão dura quanto foi a minha experiência naqueles meses...mas é também muito
fascinante...e eu tive momentos fascinantes vivendo ali, no fim do mundo, com
pessoas completamente diferentes de todas que eu tinha conhecido até ali e também
muito diferentes das que eu conheci depois de ter morado lá. Depois de Lynn, de
tudo que vivi naquela comunidade (sozinha, sem meus pais, sem o meu irmão,
amigos, sem poder me comunicar com eles, com o Brasil, pois não havia internet,
fax ou algo do gênero na fazenda, fora as ligações telefônicas que eram muito
caras e os meus pais só me deixavam ligar para eles uma vez por semana), sem
sombra de dúvidas, as demais fases da minha vida foram tiradas de letra por
mim. Tudo foi mais fácil dos meus 17 anos em diante. Portanto, valeu, valeu
muito!!! Miss you, guys!
Muito legal....
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