Maratona de Berlim 2012. A superação pessoal da Fê Altman!!!

Tudo começou há muitos anos, pelo menos há uns 28. Foi lá no Colégio Santo Estevam, no Campo Belo.

A, já bela, Maria Fernanda, mas ainda não Altman, na época, tinha entrado em minha vida sem que soubéssemos.

Quando morava em São Paulo, entre idas e vindas da cidade, saídas e voltas ao Brasil, frequentava essa escola e, coincidentemente, ou não, tinha aula de português com a minha mãe, a professora Isabel. 

Foram alguns anos de convivência entre as duas.

Entrei no Citi em 2009. Alguns meses depois, tornamos-nos amigas. Uma amiga em comum nos apresentou, a Thais Anjos. No meio de tantas conversas que tivemos, papo vai, papo vem, descobrimos isso...essa informação anciã veio à tona. 

Era muito provável que já tivéssemos nos visto nas festas coloridas promovidas pela direção daquela escola. Aliás, que festas geniais eram aquelas. Gincanas fantásticas. 

Mas enfim, a minha mãe, de alguma forma, marcou a vida da Fernanda, pois ela se lembra da professora Bel com bastante diafaneidade.

Todavia como conheço bem a minha mãe, sei que essa recordação da Fê não é algo tão anormal assim. Digamos que a Dona Isabel seja uma pessoa marcante...até ensinando análise sintática.

Já faz quase quatro anos que nos conhecemos, a Fê e eu, e que convivemos no trabalho.

Há momentos em que nos falamos mais, interagimos mais, têm outros em que estamos afastadas, sempre por causa da nossa insana labuta. Mas nos gostamos bastante...temos opiniões bem parecidas sobre determinados assuntos. Isso basta para que engatemos papos longos, regados a bons vinhos. Pena que isso não tem sido tão corriqueiro. Até pela vida de atleta que ela resolveu ter...rsrsrsrs...e eu não...ou pelo menos ainda não. 

Eu ainda não consegui programar um encontro entre a minha mãe e a Fernanda, mas ambas se lembraram uma da outra. O tempo passou muito rapidamente, mas como foi muito "amigo" de ambas, elas se reconheceram por meio de fotos. Mantiveram-se com as mesmas caras...belas e formosas.

É fato que está faltando um reencontro entre elas para que o ciclo se feche. 

Quem sabe ele não aconteça em 2013? Tudo vai ser melhor em 2013.

Bom, feita a epígrafe, vamos ao motivo real do texto.

Maratona de Berlim de 2012. Entre os 801 corredores brasileiros, a Fernanda, hoje Altman, estava lá. 40 mil pessoas participaram da prova, que aconteceu no dia 30 de setembro.

Segundo os que estiveram lá, a prova foi inesquecível.

No geral, os brasileiros buscam essa maratona por três motivos. Primeiro, porque ela tem um percurso plano. Segundo, porque o  clima da Europa, em setembro, permite que façam uma boa corrida. Fora isso, como a prova acontece nesse mês, a parte mais importante do treino no Brasil é feito no inverno. Tudo se encaixa.

Os motivos que fizeram com que a Fernanda fosse se aventurar nessa maratona não devem ter sido apenas os três citados acima, com certeza não. Houve outras mobilizações, deslocamentos, que fizeram com que ela entrasse na onda, ficasse na pilha, preparasse-se e fosse correr atrás de se superar ao longo daqueles 42,195 km.

Nós não nos falamos sobre isso, mas tenho certeza de que por ser capricorniana, portanto ambiciosa, pessoa que tem objetivos e os persegue como ninguém, por não fazer planos pouco práticos, isso tudo contribuiu para a sua não falta de disciplina, fazendo treinos e mais treinos de corrida, prévios à maratona, conseguindo chegar ao fim daqueles tantos quilômetros...cruzando a linha de chegada da prova na situação em que estava. E lá chegou ela, dedicando o percurso, a sua vitória pessoal, à Julia, sua filha querida.

Eu nunca tive dúvidas de que ela conseguiria, mas talvez ela, ela sim tenha tido um pouco de cepticismo, pois, ainda seguindo a linha astrológica, a Fê tem o seu lado capricorniano inseguro, crítico, pessimista. 

Mas também superou tudo isso.

Um pouco sobre o que vem a ser uma maratona. Ela é uma das provas mais longas, desgastantes e difíceis do atletismo. Mais uma vez, são 42,195 km disputados.

Segundo consta, a cada cinco quilômetros, estações de descanso devem estar disponíveis aos corredores, pois eles não podem descansar em locais não especificados pelo comitê organizador.

Para se ter uma idéia, estudos mostram que corridas longas são arriscadas mesmo para quem não tem problemas cardíacos. Imagine para quem tem e não sabe?

Por isso, para se correr com tranquilidade, além de treinos regulares, é preciso acompanhamento profissional e visitas periódicas aos médicos. 

O corpo manda sinais importantes para a gente, geralmente, com alguma antecedência. Nem sempre os levamos em consideração. 

Qualquer desconforto é um indício de que algo não vai bem. Sobretudo para um atleta. 

Cada um deve conhecer e admitir seus próprios limites, os quais, na maioria dos casos, está muito abaixo dos 42,195 km de uma maratona.

Se não me engano, dito a mim pela própria Fernanda, o quilômetro  mais critico dessa prova é o 35º. É ali, aguardando os corredores, que ficam os preparadores físico, paramédicos, toda uma equipe preparada e equipada para dar suporte e, eventualmente, socorrer esses superadores de si próprios.

Digamos que esses 35 quilômetros sejam, para o corredor, um mega-longão já muito desafiador.

Se o atleta passa dessa marca, é muito  provável que vá conseguir chegar até o fim da maratona. Mas só se tiver consciência absoluta dos seus limites, é claro.

A Fê saiu do km 0 e correu, correu, correu, chegando ao 35º. Não foi nada fácil chegar até lá. Segundo ela, o problema não foi respiratório e nem desconforto pulmonar ou cardíaco, embora a frequência cardíaca, durante a corrida, mantenha-se acima 80-85% da frequência máxima por duas a seis horas e isso, por si só, leva o atleta a fazer um esforço físico muito longo e vigoroso do organismo, o que pode acarretar alguns riscos graves.

Mas a questão dela não foi essa...o que ela tinha, e teve muito durante a prova, foi dor nas pernas. Muitas dores nas pernas.

De qualquer maneira, como garota esperta, ambiciosa e disciplinada que é, mesmo com suas fortes dores, passou do quilômetro crítico e continuou correndo. Afinal, só faltavam 7,2 km para o grand finale.

E lá foi ela. Naquela altura, o choro ainda não tinha começado. Mas foram mais 5 km para que as lágrimas viessem.

No quilômetro 40, com muita dor, muita dor mesmo, a Fernanda começou a andar. Continuava chorando...passou a achar que não mais daria para ela.

Deve passar tanta coisa pela mente do corredor nesse momento. Imagino que sim. 

Posto tudo isso, agora vem a parte mais interessante.

Uns segundos depois dela ter começado a andar, um rapaz, loiro, bem forte, todo de azul, encostou suas mãos nas suas costas e disse a ela coisas em alguma língua desconhecida. Pareceu algo motivacional, mas ela não entendeu o que ele disse. Ato contínuo, logo depois de ouvir o que esse homem balbuciou, ela voltou a correr vigorosamente.

Sete minutos depois, exatamente no quilômetro 41, ela começou a andar novamente. Nesse momento, teve a convicção de que não aguentaria correr os 42,195 km.

Mas faltava tão pouco. Ela tinha se dedicado tanto, o ano todo. Fez tudo que podia para chegar até ali, para poder ir até o fim. 

Eu mesma, em determinado dia de 2012, quando estava com a minha filha no Einstein da República do Líbano, dei de cara com o Danny e com a Fê, que estava toda arrebentada, pois tinha levado um tombo feio durante um treino.

Que angústia deve ter sentido ela naquele quilômetro derradeiro, o 41º.

Mais uma vez, o mesmo rapaz, todo de azul, balbuciando palavras incompreensíveis, apareceu e encostou suas mãos nas costas dela. 

Ela, por sua vez, como há sete minutos, recomeçou a correr, novamente, toda motivada.

A Fernanda terminou a prova, cruzou a linha de chegada, cheia de dores, mas alcançou o seu objetivo e realizou o seu sonho.

Quando ainda estava na linha de chegada, sem acreditar no seu feito, a primeira coisa que quis fazer foi agradecer a pessoa que, por duas vezes, ajudou-a. 

Olhou para trás, mas, estranhamente, não viu ninguém com aquelas características. 

Os únicos que estavam vindo em sua direção eram os retardatários da prova.

Ela o procurou. Achou estranho que tivesse cruzado a linha de chegada antes dela, pois não o viu passar por ela depois do quilômetro 41. 

Ela também achou estranho ele estar demorando tanto para chegar onde ela já estava há alguns minutos.

Conclusão?

Aquele rapaz, loiro, forte, todo de azul, que balbuciava palavras motivacionais, em uma língua desconhecida, e que, por duas vezes, encostou suas mãos nas costas da Fê, durante a prova, mobilizando-a, forçando-a a chegar até o fim, nunca esteve na Maratona de Berlim de 2012.

Pois é. Quem não acreditava em Anjo da Guarda até agora, é bom passar a, pelo menos, pensar sobre o assunto.

Só faltaram as asas a ele.

Segundo as crenças cristãs, Deus os envia, os Anjos, em nosso nascimento para nos proteger durante toda a nossa vida. Ele nos protege e nos conduz ao lugar que nos foi preparado.

A linha de chegada da Maratona de Berlim de 2012 tinha sido um lugar preparado para a Fê Altman e seu Anjo, com certeza, conduziu-a até lá.

Emocionei-me com essa história e por isso, pedi permissão para a Fernanda para escrever sobre ela.

Não sou católica, mas, estranhamente, tenho uma devoção aos Anjos da Guarda. 

Talvez porque um dia, já há muitos e muitos anos, tenha sonhado com os meus, a Elisabeth e o José. 

No sonho, ambos tinham asas. Não estavam vestindo nada azul, mas me pareceram tão fortes quanto o Anjo da Fernanda.

Se tenho dois Anjos me protegendo, se isso é possível, eu não sei, mas que todos os dias bato um papo com os dois antes de dormir, isso é fato. Sempre peço para que eles percam mais tempo com a Laís do que comigo. 

Fê, a sua história é demais. Digna de ser contada. Obrigada por ter me deixado escrever sobre ela.

Espero que o seu Anjo Avatar esteja com você em todas as suas próximas maratonas, pois, com certeza, minha amiga capricorniana, você não parou na de Berlim. 

Mas também espero que ele te proteja todos os dias e continue te conduzindo, com a mesma firmeza, para todos os outros lugares que foram preparados para a sua chegada em sua vida.

Keep running, Dear!

Love you!

Comentários

  1. Essa história da Fë é realmente emocionante. Fiquei arrepiada qdo ela contou. E vc tem o dom de transmitir, no seu texto, a mesma emoção.
    Parabens às 2!
    Fe, keep running!
    Lo, keep writing!

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