Pancho, Sarah, Victoria e Jonny...saudades de vocês, meus porquinhos?
Existe algo mais cafona do que uma Prom? Tudo é cafona nessa festa,
começando pelos vestidos...as franjas das meninas é algo monstruoso. É preciso
muito laquê para mantê-las lá em cima. Para quem não sabe, Prom é a abreviação
de Promenade. É uma festa, Black Tie, que acontece nos Estados Unidos e no
Canadá, para os alunos que finalizam a High School. É como se fosse a festa de
formatura do antigo 3º colegial no Brasil. Festas de formaturas, no geral, já
são cafonas. Imaginem a Prom, que acontece em todos os estados dos Estados
Unidos, até nos sulistas, nas cidadezinhas interioranas, minúsculas, lá no sul
do país? É um show de horror. Os vestidos são medonhos. Mas, enfim, quando você
está participando do contexto, como foi o meu caso, até que o processo não parece
tão brega quanto ele, de fato, o é. Pelo contrário, na época, até que eu me
animei bastante. Existem algumas coisas interessantes sobre essa festa, sobre
esse momento. Uma delas é a seguinte: a dama tem que ser convidada por um rapaz
para ir a essa party. É muito chato não estar entre as meninas que
recebem o convite. Eu, graças a Deus, fui convidada pelo Dwight Brannon.
Um ótimo garoto. Era mais novo do que eu. Ele era Junior naquele ano. Não
estava no Senior Year como eu. Mais para frente, exatamente no dia em
que eu estava arrumando as minhas malas para voltar ao Brasil, depois de um ano
em Arkansas, o Dwight apareceu lá em casa para dizer que gostava de mim e que
não queria que eu voltasse para o meu país. Queria se casar comigo, naquele ano
mesmo, e me pediu para reconsiderar a minha partida. Mas essa é outra
história...conto em outra ocasião, pois vale a pena. É verdade, quando eu tinha
17 anos, fui pedida em casamento. Genial. Minhas PéLôlas. Mas voltando à Prom,
um passo já tinha sido dado, eu havia sido convidada. Ótimo. Faltaria o vestido
e todos os outros aparatos. Mas eu já tinha o par para a festa, que era o
principal. Como escrevi antes, há, realmente, muitas coisas interessantes sobre
a festa, sobre o Senior Year no geral. No final do ano calendário deles,
quando estamos para nos formar, antes da tal da Prom, as pessoas da comunidade
começam a mandar presentes para a nossa casa. No geral, enviam um cartão, todo
bonitinho, com dinheiro dentro. Aliás, ganha-se bastante dinheiro nessa época, bastante
mesmo. Há pessoas que, por exemplo, preferem dar jóias. A minha host family me deu jóias. Um colar, um
par de brincos e um anel...lindos, incrivelmente lindos. Eu os tenho até hoje.
No entanto, além desse presentão, eles me deram dois outros. Acreditem se
quiser...o Van e a Janice, em nome de toda a família deles, além das jóias,
deram-me dois porcos...porcos mesmo, suínos de verdade...oinc, oinc, de
formatura. Alguém já ganhou um porco de formatura? E dois? Pois é, eu ganhei!!!
Quando me deram a notícia, a notícia de que eu era a mais nova proprietária de
dois porquinhos, eu não me contive...comecei a rir...ri muito. Eles riram muito
também...não estavam entendo nada, não entendiam o porque da minha risada. Esse
presente não era algo anormal de ser dado e nem de ser recebido em Lynn...mas é
óbvio que para mim aquilo era algo insólito, desusado, inusitado. Eu tinha
acabado de ganhar dois porcos. Quando teria ganhado isso de alguém em São
Paulo? Se os little pigs tinham nome?
Sim, tinham. Eu os nomeei Pancho e Sarah. Era um casal. O intuito é que
procriassem e que me gerassem receita no futuro médio...segundo o Van. Eu
agradeci, fiquei feliz, imaginando como levaria os porcos comigo para o Brasil
e onde os colocaria...na casa da minha mãe? Em um pet shop? Em um hotel de
bichos de estimação? Só comigo mesmo. Bom, faltavam uns dois meses para eu
voltar para São Paulo quando me formei. Querem saber? Refleti e cheguei a
seguinte conclusão...vamos ver se esses bichos podem me dar mesmo algum
dinheiro? Resolvi investir no negócio. Disse à família que queria comprar mais
um casal de porcos e perguntei se eles poderiam cuidar deles para mim quando eu
voltasse para casa. Disseram que sim, que cuidariam da minha pequena “vara”. Eu
tinha ganhado bastante dinheiro do pessoal da cidade, então, investi na
Victoria e no Jonny. Passei a ter quatro porcos, duas fêmeas e dois machos.
Umas graças. Chegou a hora de voltar ao Brasil. Depois de um ano, eu reveria
meus pais, meu irmão, meus amigos, voltaria para a minha cidade. Deixei Lynn,
Arkansas, meus amigos de lá, o Van, a Janice, meus quatro irmãos e os meus
porquinhos. Foi uma tristeza só. A partida foi muito triste, de verdade, muito
triste. Voltei para casa em agosto de 1991. A tristeza que senti foi compensada
pela alegria de voltar para casa e rever todo mundo. A saudades era imensa. E
aos poucos, fui me acostumando com a minha antiga vida e mantendo, em minha
memória, a ótima experiência pela qual tinha passado. Em 1993, a minha família
americana me chamou para ir visitá-los. Depois de dois anos, dois longos anos,
eu teria a chance de revê-los. Mas os meus pais, naquele ano, não tinham
condição financeira de me mandarem de volta para Lynn. Eles estavam guardando
dinheiro para a viagem do meu irmão, que iria morar em Michigan em 1994. E eu
dei essa notícia, com muito pesar, aos meus host
parents. Foi sofrido. Mas não tinha o que ser feito. O nosso reencontro não
aconteceria naquele ano...teríamos que deixar para depois. Foi aí, depois de
alguns dias depois de ter dado a notícia a eles, que eu tive o clique. Meus
porcos!!! Eu tinha quatro porcos. Eles já estavam grandes em 1993. Liguei para
Arkansas e pedi ao Van que os vendesse, pois assim, conseguiria o dinheiro para
ir visitá-los. E ele fez isso. Vendeu os bichinhos e depositou o dinheiro na
conta da minha mãe...nunca vou me esquecer disso. Foram US$ 500,00, suficientes
para que comprássemos uma passagem, até Miami, pela LAP, Linhas Aéreas
Paraguaias, e também os trechos internos. E lá fui eu, de volta aos Estados
Unidos dois anos após tê-los deixado. Quando cheguei lá, eles me disseram que,
na realidade, não tinham vendido os porcos e que tinham me dado, de presente, a
passagem para que eu fosse revê-los, pois estavam com saudades de mim. Foi uma
alegria só. O Randy, meu irmão mais novo, levou-me, no dia em que cheguei, até
os meus pets, que estavam lindos, enormes e mega rosas. Eles tinham cuidado
deles de verdade. Bom, fiquei nos Estados Unidos por quarenta dias. O Van e a
Janice me levaram para uma viagem fantástica...praticamente, demos a volta aos
Estados Unidos em quarenta dias. Foi fenomenal. Acho que eu, por exemplo, devo
ser a única brasileira a conhecer a Cooke City, que fica em Montana. Já ouviram
falar nessa cidade? Uma graça. No final desses quarenta dias, antes de voltar
ao Brasil, já de volta à Lynn, resolvi escrever uma carta para eles, para a
minha host family, agradecendo pela
linda viagem e dizendo que os meus porcos agora eram deles. Foi o meu presente
para eles depois de tudo que tinham feito por mim. E lá ficaram eles, em
Arkansas, o Pancho, a Sarah, a Victoria e o Jonny. Sempre tive notícias sobre
eles, que foram felizes, procriaram e depois foram vendidos para
abate...destino de todo porco. Meus lindões, um dia, vamos nos reencontrar,
viu? Tenho certeza disso, pinkies!!!
Lô, tenho me divertido muito, lendo seu blog, mas nos dois últimos, quase chorei...Verdade. Lindas e enriquecedoras experiências. Bjos!
ResponderExcluirSonia