PayDay, the Candy Bar!!!
Querida Sônia Cook, aqui está a história que dedico a
você.
Good evening everyone.
Em 1990, fui morar nos Estados Unidos. Fui fazer um intercâmbio
cultural em Lynn, Arkansas. Quem acompanha o meu Blog até já sabe dessa
história. Morei lá de agosto de 1990 a julho de 1991, por quase um ano. Eu
tinha 16 quando isso aconteceu. Na ocasião, Lynn era uma cidade com 345
habitantes. Em 2004, última vez em que estive lá, eles eram somente 295. Em apenas
um dia útil era possível trombarmos com todos os locais. A cidade tinha muito
menos gente, mas muito menos mesmo do que a quantidade de gente com as quais
cruzamos, diariamente, na cidade de São Paulo. Os moradores de Lynn não tinham,
assim como não devem ter até hoje, idéia do que viria a ser a cidade de São
Paulo. Poucos deixaram Lynn para se aventurarem em outros lugares. Aqueles que
assim o fizeram, foram para municípios, próximos de lá, cuja população na ultrapassa
15.000 habitantes. É muito difícil imaginá-los vivendo na sexta cidade mais populosa do planeta, com 19.223.897 habitantes. Sem chance.
Eles não sobreviveriam por aqui. Aliás, sorte deles. Vieram ao mundo a passeio.
Devem estar em sua última encarnação. Bom, fui para os Estados Unidos para
cursar o terceiro colegial, o Senior Year dos americanos. Cheguei na cidade
numa quinta-feira. Na segunda-feira próxima, comecei o ano letivo na Lynn High
School. Lembro-me da minha primeira aula. Trigonometria com o Mr. Philip. Entrei
na classe, meio atrasada, pois primeiro eu tinha ido conhecer o Mr. Larry,
diretor da escola. Depois das apresentações formais, ele mesmo me levou até o
Sr. Philip. "Hello, everyone. This is our 1990-1991 exchange
student. Her name is Loraine Ricino. She is from Brazil. She arrived in Lynn
last Thursday. She is going to stay with Mr. and Mrs. Van Doyle the whole year.
Please, help me in welcoming Loraine to our school and to our county. Loraine,
welcome to Lynn High School." "Thank you, Mr. Philip!" Essa frase de agradecimento foi o que
me ocorreu soltar ali na hora. Eu não tinha muita certeza de ter entendido tudo
que ele tinha acabado de dizer, mas sabia que deveria ser algo bom sobre mim.
Por que ele teria algo de ruim para falar sobre mim naquele começo de
campeonato, não é? O Mr. Larry me deixou lá na sala e se mandou. E lá na
classe fiquei, procurando entender o que estava se passando ao meu redor. Era
um mix de sensações. Eu estava sozinha numa sala de aula, dentro de uma escola
no meio de uma cidade, nos Estados Unidos, que tinha menos de 400
habitantes, não sabia falar direito a
língua deles...fora isso, ainda tinha que me concentrar, pois teria que
aprender Trigonometry in English. Eu só pensava no que estaria por vir. Aquilo
era só o começo. E a aula acabou. Seguimos para outra...e depois outra...depois
almoçamos (aliás, eles almoçaram - essa é outra história, já contada no Blog)...e
depois tivemos mais algumas aulas, até chegar a hora de voltarmos para as nossas
casas. Isso tudo no meu primeiro dia. Saí da escola, lá pelas 15h, exausta. Foi
tanta informação, tanta coisa tinha acontecido em apenas um dia que eu fiquei
pensando se todos os outros seriam daquele mesmo jeito. Talvez não. Quem sabe
só os primeiros quinze dias...quem sabe! Resolvi dar tempo ao tempo, viver um dia após o outro. Decidi que iria
observar tudo bem de perto, para ver se conseguiria aprender tudo sobre aquele
lugar, aquelas pessoas e a cultura deles o mais rapidamente possível. Se eu
entendesse a dinâmica do lugar, talvez conseguisse aprender o inglês num pulo. Os
dias foram passando, um mês se foi, dois meses voaram, três meses se passaram.
Quando eu comecei a sonhar em inglês, dei-me conta de que estava conseguindo
absorver a língua, com todos os seus slangs. Comecei a ter sonhos estranhos.
Sonhava com os meus amigos brasileiros falando inglês e com os americanos
falando português. Uma verdadeira zona. Mas é assim que sabemos que o nosso
inglês está dando uma guinada, quando essa bagunça linguística toda se instaura
em nossas mentes. Naquele primeiro dia de aula, eu já tinha sido muito bem
recebida por todos aqueles que, ao longo dos meus meses lá, viriam a se tornar
grandes amigos. By the way, até hoje somos amigos. Mais de uns do que de
outros, é claro...mas de qualquer maneira, depois desses vinte e dois anos,
continuamos nos falando. É como se o tempo não tivesse apagado tudo que vivemos
juntos naquele um ano. E como poderia ter apagado se os momentos vividos foram
tão intensos? Jill, Blain, Deanna, Randy, Lisa, Linda, Danette, Penny, Dwayne,
Michelle e tantos outros. Estranhos que viraram meus colegas e depois meus amigos
do coração. Desde o início, quando ainda fazia isso de forma mais precária, por
causa da língua, procurei me integrar à vida dos habitantes de Lynn. Eles mal
me entendiam e eu já me infiltrava entre eles, para que absorvesse, ao máximo, todos
aqueles costumes, manias, jeitos, educação e maneiras. Era um tipo de gente
muito diferente do tipo de gente com a qual eu estava acostumada a lidar. Na
época, ainda não éramos sete bilhões de pessoas no mundo, mas quase éramos, e
eu entre apenas 345 delas. Todas diferentes de todo mundo que eu havia
conhecido até então. Foi muito sensacional passar por essa experiência.
Recomendo aos pais, que tenham condições, que façam isso pelos seus filhotes.
Quando se passa por isso, aprender inglês, que é o grande objetivo antes da
viagem, vira consequência. Ele acaba sendo absorvido por osmose. O grande
barato, a grande vantagem dessa viagem é experienciar, quando se é tão jovem,
uma outra cultura, completamente diferente da sua, tendo, sobretudo, que se
adaptar a ela para se viver bem. Isso sim é o genial de todo esse processo. O
esquema das minhas aulas era também bem diferente do que o que eu vivia aqui no
Brasil. Lá, temos as mesmas aulas todos os santos dias. No começo do ano, você
faz a escolha das disciplinas as quais quer cursar durante ele. Uma vez feita
essa escolha, fazemos todas as aulas escolhidas durante os cinco dias úteis da
semana. Todas nos mesmos horários. Outra coisa curiosa é que lá são os alunos
que mudam de classe e não os professores. Cada professor tem sua própria sala.
Isso é ótimo para eles e para a gente, uma farra. Cada um de nós tem um locker,
onde armazenamos nossos livros, cadernos e afins. Antes de cada aula, deixamos
os livros da última aula lá e pegamos os da próxima. E assim o dia passa. Todos
os dias, portanto, eu tinha uma aula chamada PE - Physical Education. É a nossa
Educação Física. Nas escolas brasileiras, pelo menos na minha época, fazíamos
PE, no máximo, duas vezes por semana. Nos Estados Unidos, eu tinha essa aula
todos os dias. Era uma canseira para mim, que não estava acostumada a fazer
exercícios físicos. Porém, para eles, era como se estivessem fazendo qualquer
aula. PE fazia parte da vida deles. O incentivo ao esporte é, de fato, algo
forte naquele país desenvolvido. Cada época do ano, eles se dedicavam a uma
modalidade. Quando cheguei lá, no final de agosto, já estava começando a
esfriar, então, o Basketball era o esporte da vez. A primeira parte da aula era
pauleira. Era uma mescla de exercícios anaeróbicos, como sprints e saltos, com
aeróbicos, como uma corridinha básica. A segunda parte da aula era treino,
treino e mais treino. Jogávamos basquete o resto do tempo. Era uma maluquice para mim. Eu não entendia como eles, com todo aquele
exercício físico, conseguiam ficar obesos daquele jeito. O
Basketball Season ia começar. O Mr. Deeter, nosso coach,
resolveu me colocar no time daquele ano. Eu tentei impedi-lo de fazer isso,
pois afundaria o time, mas ele insistiu. Então tá. Lá fui eu, com os meus host
parents, comprar uniforme, tênis apropriado, meia, sutiã certo para os jogos,
etc. Uma
gastação desenfreada. Preparei-me toda e fui. Os
jogos aconteciam da seguinte forma: ficávamos na escola o dia todo e após as
aulas, o ônibus escolar, aquele amarelo, levava-nos para as escolas rivais da
região ou até de outros counties. Jogávamos contra os times adversários e voltávamos
para Lynn. No geral, eu ficava no banco. O Sr. Deeter me colocava para jogar, invariavelmente, nas seguintes duas
situações: quando estávamos perdendo de lavada, pois eu não conseguiria fazer
nada de pior para o time, e quando nós estávamos ganhando de lavada, porque eu
também não poderia fazer nada para acabar com o resultado. Eu sempre entrava no
final dos jogos. Essa informação também é relevante. Esse homem era uma pessoa
sã, que enxergava lá na frente. E o tempo foi passando até que eu me desse
conta de que não queria aquilo para mim. Da aula de PE eu não poderia me
livrar, mas de jogar basquete, sem ter a menor aptidão, disso sim eu poderia me
afastar. Tive uma conversa com os meus "pais americanos" e com o Mr.
Deeter. Disse aos três que eu não iria mais jogar basquete nos jogos oficiais,
mas que iria a todos eles, para dar uma força para o nosso time. Eles
entenderam. Eu, praticamente, virei a
cheerleader master da Lynn High School. Em todos os jogos, em todas as cidades,
lá estava eu, a Brazilian Nut, torcendo pelo meu time, pelos meus amigos. Eu só
não tinha os pom poms...mas tinha uma língua afiadíssima. Como ninguém entendia
o que eu falava em português, eu sempre podia me "expressar" sem que
fosse censurada. Era tanto nervoso, que eu soltava o verbo. Xingava o
adversário, soltava uns palavrões, enfim, fazia a festa. Isso era corriqueiro.
Era impossível ir a um jogo sem que eu ficasse irritada com a arbitragem, com
os cavalos dos adversários, enfim, com alguma coisa. Ao longo dos meses,
comecei a perceber que algumas pessoas passaram a ficar interessadas pelas
traduções daquilo que eu falava na minha língua materna. Fui soltando um
significado aqui, outro ali, mas sempre com muito filtro. Eu não podia dizer
tudo...eles poderiam não aguentar...rsrsrsrsrs. Um certo dia, em um jogo contra
o time da Strawberry High School, uma escola que ficava numa cidade de 95
habitantes, perto de Lynn, um jogador de lá, deu uma cotovelada num amigo meu.
A coisa pareceu ser feita. Ele caiu, no meio da quadra, de um jeito muito
estranho. Ficou imóvel ali por alguns segundos, até que os demais jogadores
corressem até ele para ver o que tinha acontecido. Acionaram o "Primeiros Socorros",
que foi lá e o tirou da quadra. Em alguns instantes, nós já conseguimos ver que
o Randy estava melhor, pois ele começou a se mexer novamente. Estava
ensanguentado, então, não pode voltar ao jogo. Mas ficou bem. O que deveria ter
feito o juiz? Expulsado o causador do
golpe? Talvez, mas não o fez. O juiz entendeu que o ato havia sido sem querer.
Eu também não achei que tivesse sido de propósito, mas não estava pensando como
o resto da platéia de Lynn. De uma hora para a outra, em um coral afinado,
comecei a ouvir o seguinte: "Bundão, mas que Bundão...Bundão, mas que
Bundão...Bundão, mas que Bundão". E assim o coro tomou conta da quadra.
Não acreditei no que eu estava ouvindo. Logo saberiam que aquilo estava bem
longe de ser inglês e quem não devia iria querer saber o que estavam dizendo
aquelas pessoas, que, nitidamente, estavam fora de si. E quem tinha ensinado
aquilo para uma meia dúzia deles? Loraine Ricino, the Brazilian Nut. O juiz pediu
silêncio, pois o jogo tinha que recomeçar. A platéia se acalmou, graças ao bom Deus. Eu ainda estava preocupada,
pois sabia que ia sobrar para mim...a minha fama já estava pela escola. Não
tinha um ser que não quisesse saber das minhas histórias e aprender certas
palavras em português. Mas fiquei lá, na minha, agindo como a cheerleader
blaster da escola. De repente, quem bate nas minhas costas? O Randy, o filho
mais novo da Janice e do Van, os meus host parentes. "Loraine,
how did you like the choir? I have encouraged everybody to say those words out loud."
"Are you crazy, Randy? What if mom and dad find out about it? " They
are going to love it, Loraine, just love it. It's so much fun."
"Crazy nuts." "Not more than you, girly, not more than
you." Enfim, esse foi um dos episódios. Houve vários como esse ao longo do ano. Teve um dia em que nós fomos, a
minha classe, fazer uma viagem para uma outra cidade, para visitarmos uma casa solar.
A Mrs. Betty, nossa professora de Home Ec. - Economia Doméstica, levou-nos. No
meio do caminho, paramos em um 7-Eleven para comprarmos um snack bar, uma coca,
enfim. Quando fui dar uma olhada nas prateleiras, vi um doce cujo nome era
PayDay. Quando vi que ele era de amendoim, logo o comprei. Adoro tudo que é de
amendoim. Comprei também uma Diet Coke e voltei para o ônibus. Quando estávamos
de volta à estrada, peguei o meu candy e comecei a comê-lo. Um pouco depois de
ter começado a degustá-lo, dei-me conta de que eu poderia ter uma versão do
PayDay em português...PayDay = PeiDei. Ato contínuo...comecei a rir sozinha...e
quando eu riu, eu riu, choro de tanto rir. E foi isso que aconteceu. Todos
queriam saber o que estava acontecendo, mas eu não conseguia falar. Eu só
pensava na reação deles quando eu contasse o que PeiDei significava na minha
língua. Quando consegui me acalmar, contei a história a todos. O ônibus
foi abaixo. Eles amaram. Riram muito. Foi divertido. Por muitos meses ainda, rimos sobre essa história. Sempre tinha um que
me pedia para contá-la para alguém que ainda não tinha ouvido. E assim o
tempo foi passando. Outras dessas aconteceram. Eles se divertiam muito comigo, assim como eu com eles. Nós nos
adorávamos. Eles, por exemplo, adoravam o meu sotaque quando eu falava inglês.
Sempre me pediam para cantar para eles...na língua deles, é claro. E tinham que
ser as músicas da moda, da época. Eu, para sacanear, cantava, mas forçava ainda
mais a pronúncia. Era uma gargalhada só. Uma bobagem, mas muito saudável. Certa vez, já na minha reta final lá em
Lynn, a minha turma me chamou para jantar. Eles fizeram uma surpresa, na
verdade. Fomos jantar em uma cidade que ficava a uns quarenta quilômetros da
onde morávamos. Fomos todos a um restaurante mexicano, o Casa Bonita. Uma
delícia. Durante o jantar, disseram-me que dedicariam o Yearbook daquele ano
para mim. O Yearbook é um livro que mostra fotos das turmas, onde há páginas
dedicadas aos Seniors, que estão deixando a escola, com fotos antigas, frases
preferidas e recados dos pais, professores e dos próprios alunos. Os acontecimentos
escolares, como a Prom e o Homecoming também estão lá. Os times de esportes
ficam retratados em suas páginas também. As últimas páginas desse livro são
folhas em branco, para que os amigos assinem uns os livros dos outros. É um
barato. Pois bem, eles dedicaram o livro de 1990-1991 para mim, a exchange
student deles. Foi uma emoção bem grande. Eu estaria na primeira página do
livro, com uma foto, bem grande, seguida de um depoimento da escola para mim.
Eu até chorei quando eles me deram a notícia. Nós nos abraçamos e foi
triste...constatamos que o fim estava próximo. Em um mês eu voltaria para o
Brasil. Houve a Prom, que é a festa de formatura, e, logo em seguida, veio o
dia da formatura. Ela aconteceria na quadra poliesportiva da escola. Mais uma
surpresa. Chamaram-me para ser a oradora da classe. Não pude deixar de aceitar.
Para mim, tudo aquilo estava sendo uma honra. Eles tinham me deixado participar
da vida deles por um ano...nada mais justo do que retribuir por meio de algumas
palavras. Elas nem seriam o suficiente, mas seriam escritas e ditas com muito
carinho. Todos nós vestidos de beca, meigamente becados de vermelho e amarelo.
Alguns dias antes, sentei para escrever o meu pequeno discurso.
Good evening everyone.
I am so
very glad to be here tonight.
First of
all I'd like to tell you all that if this speech was to be made in Portuguese
it would be easier for me but it is not possible so I will try to make myself as
clear as possible.
I'd like
to start this speech saying a few words in Portuguese but right after that I'll
translate, there's nothing to worry about.
"Essa é uma das noites mais importantes
da minha vida."
Translation:
this is one of the most important nights of my life.
I say
that because in the future when I look back I'll remember from where I
graduated and I'll feel as proud as I'm feeling tonight.
Sometimes
I feel like I've been here for all my life and in one way it's not too good
because it'll make things more difficult for me whenever I have to leave Lynn,
Arkansas and go back to Brazil. It worries me! But I'll try not to think about
it and keep on having fun in this short time that I have left.
I'd like
to thank all the teachers, Mr. Bray, Mr. Larry. You've been so good to me all
these months that I've been here. You won't be forgotten.
I'd like
to thank all the friends I've made. We would not be friends without your help.
I'd like
to thank my class that made me feel so welcomed and comfortable all the way
till now. I love you and I'll miss you a lot.
Now, I'd
like to make a special thank you to mom and dad or for you all Van and Janice.
I said mom and dad because this is the way I see them. They are my American
parents and what they have done for me will not be forgotten for the rest of my
life. Mom and dad, you will not get rid of me this easily.
I love
you so much.
Thanks a
lot.
I'm so
glad that I got to come to Lynn.
Good
night.
Essa foi a sucinta mensagem que escrevi. Quis
agradecer a todos pela oportunidade e por terem me deixado entrar em suas vidas
de uma forma tão sincera, sem êxito por se quer um dia. Chegou a hora de subir
ao palco. Acho que os 345 habitantes estavam ali, naquela quadra. Peguei os meus
papéis, que aliás os tenho comigo até hoje, e comecei a lê-los. Falei
exatamente o que escrevi acima. Quando acabei, estava chorando, muito
emocionada mesmo. Fui aplaudida. Foram muitos aplausos. As pessoas até ficaram
de pé. Quando olhei para trás, os meus amigos também tinham se levantado. Um a
um veio me dar um beijo e um abraço. É impressionante, mas agora, nesse
instante em que estou escrevendo essa história, só de me lembrar desse momento,
fiquei toda arrepiada e com vontade de chorar. Tudo aquilo foi muito forte. Que
ano intenso. Bom, nós voltamos a nos sentar. A formatura continuaria. Para a
minha surpresa, um dos meus amigos, o Dwayne, levantou-se e foi para o
microfone. "Good evening, Ladies and Gentleman. The graduation is almost over.
However, we cannot let it end without asking Loraine a simple question. Loraine, come back here, please." Nossa, o que era aquilo? Que
medo. Aquilo não estava combinado comigo. Mas eu fui até lá. Fazer o que.
"Loraine, before you go back to Brazil, we would like you
to explain to us the following...girls, you can come up here now." Quando ele disse isso, umas amigas nossas, do segundo colegial, subiram
ao palco, segurando um tipo de uma faixa. Elas a abriram, de frente para a
platéia, sem que eu pudesse ver o que estava escrito nela. Começou
um burburinho. "Thank you, ladies. Well, Loraine, let me help you. In this
band we have written the question. From you we want the answer. Please, let
everybody in the audience know what PeiDei mean." O que? Não acredito que eles fizeram aquilo comigo. Filhos da mãe. Nisso, o
povo todo já estava morrendo de rir. Muitos já sabiam o significado daquilo.
Outros estavam rindo das reações diversas das pessoas. Que veadinhos...eu teria
mesmo que contar aquilo na frente de toda a cidade? A faixa estava um barato.
Eles escreveram o seguinte: "PayDay = English - PeiDei = Portuguese.
Colocaram uma mega imagem do candy e uma outra de um menininho com uma
fumacinha saindo do bumbum. Eu a tenho até hoje. E lá fui eu fazer o meu
segundo speech da noite. Contei tudo. Expliquei tin tin por tin tin. O riso foi
geral. Muito bom. Ninguém se conteve. Até o diretor entrou na dança. Jogamos
nossos chapéus para cima e, naquele clima divertido, formamos-nos no Senior
Year em 1991. Alguns dias depois, voltei para casa, para São Paulo, a sexta cidade
mais populosa do mundo. A despedida foi triste. Lembro-me bem. Deixei grandes
amigos lá em Lynn. Mas já voltei para visitá-los várias vezes. Invariavelmente,
quando nós nos vemos, relembramos essa história. Acho difícil ter alguém, que
esteja vivo e que tenha participado daquela formatura, que não se lembre daquele
momento tão inusitado. Foi lindo! Saudades de vocês. Já faz oito anos que não
nos vemos. Quem sabe não dou um pulo aí para vocês conhecerem a minha Laís,
hein? Miss you, guys!!!
Esse foi o primeiro manuscrito que li,mas já quero ler todos. Estou adorando e aprendendo muito também com tantas experiências. São bem divertidas e bastante enriquecedoras.
ResponderExcluirParabéns Loraine!Você sabe realmente valorizar, vivenciar, administrar e saborear todos os segundos da vida.Você é incrível!
Deus te proteja cada vez mais.
Que bom conhecer você e partilhar das suas estórias.
mil bjusssss